José Damião Cândido dos Reis, Brasileiro, nordestino, chega à grande capital com esposa e seus seis filhos.
Em busca de uma conquista com poucos trocados traz em sua mochila poucas roupas e migalhas de biscoitos que sobraram da longa viagem na esperança de uma vida melhor.
Sua Fé a Padre Cícero era imperial a qualquer situação que se prostasse a frente de seu caminho.
Chega ao seu destino ao amanhecer em um dia longo de Setembro sem saber aonde ir ou como começar a buscar o que veio procurar.
Seus filhos aclamavam por sustento e o que tinha de dar eram apenas miseras migalhas, os poucos trocados que tinha em seus bolsos não conseguiam nem pagar um prato de comida na capital.
Depara-se com uma situação sem volta, onde vê ao redor tudo que lhe contaram da grande cidade não era aos olhos daquela família.
José Damião pede às crianças que tenham paciência e que iria sanar a fome deles muito em breve.
Resolve deixa-los por uns instantes e sai sem rumo em busca de ajuda, quando se depara com ruas largas e movimentos infernais de veículos. Assustado atravessa avenidas e becos e quando se vê estava perdido, sem direção, sem rumo, sem sua família.
Tenta retornar, mas se confunde com as avenidas e acaba aos prantos de desespero em busca de sua esposa e filhos.
De outro lado, na espera de seu Pai, as crianças falam com a Mãe porque ele demorava tanto para trazer-lhes um pedaço de pão ao menos, e a Mãe já com os olhos em lágrimas passa um pouco de tranqüilidade e com o peito apertado pedem para que fiquem quietos, pois isto acalmaria a fome.
O mais velho com 09 anos e o mais novo de colo com apenas oito meses de vida, era o espelho de uma família brasileira na busca de ajuda.
A tarde chega e alguns transeuntes que passavam davam-lhe umas poucas moedas e até os mais jovens acabavam dando as crianças um refrigerante já tomado ou algum salgado mordido. Mas onde estaria José Damião, perguntava angustiada a esposa sofrida pelo tempo em que passou no nordeste plantando suas raízes.
José Damião neste momento estava cada vez mais longe dos seus, caminhando e gritava pela sua família, quando um senhor bem trajado passa com seu veiculo e tenta compreender o desespero daquele pobre homem.
Ao parar o veiculo pergunta a José Damião o que havia ocorrido.
Não se contendo em lágrimas fala a aquele homem que o que tinha de mais precioso havia se perdido em sua vida e não sabia mais o que fazer. O homem então lhe oferece ajuda, mas não sabia por onde começar, pois até aquele momento pouco tinham conversado, quando mais calmo José Damião conta-lhe a sua história onde partem de volta a rodoviária.
Mas o destino deixa sua marca, sua esposa com as crianças já não estavam mais onde havia deixado e José Damião começa a perguntar a várias pessoas se as tinham visto, mas ninguém sabia informar, apenas informações sem fundamentos.
De repente um funcionário local vendo a situação chega a José Damião e informa que uns grupos de pessoas uniformizadas tinham levado seus familiares, mas também não sabia para onde.
José Damião entra em total desespero, gritando e implorando que alguém lhe ajudasse, o homem que havia lhe ajudado pede que se acalme e iria ajudá-lo a resolver a situação.
Neste momento muitos curiosos se aproximam e um senhor nordestino, porte baixo, com lindos olhos azuis e cabelos lisos como seda, tendo um chapéu sobre a cabeça chama José Damião ao lado e lhe fala que acalmasse, pois sua família estava bem e a ajuda que tanto tinha pedido tinha chegado.
Ele informou o endereço onde estariam sua família e que fosse para lá juntar a eles.
De imediato José Damião vai ao encontro juntamente com o homem que lhe ajudou e chegam a um seminário antigo, mas bem cuidado. Nos grandes portões de ferro havia uma placa escrita “Aqui mora todos aqueles que me seguem e me imploram com a fé” e logo abaixo o nome de quem havia escrito estas lindas palavras – Padre Cícero.
De longe vê seu filho mais velho e o sorriso juntamente com as lagrimas de felicidade escorrem em seu rosto mal tratado pelo tempo. Seu filho grita bem forte – “Pai você nos encontrou”. E em um ato de fortaleza de um nordestino ele responde a seu filho – “Não há motivo para desespero, pois lhes deixei nos braços daquele que sempre acreditei que na minha ausência Padre Cícero estaria tomando conta de vocês”.
José Damião se junta à esposa e aos seus filhos e abraçam em união, quando olham para trás vêem o homem que lhes tinham ajudado indo embora e José Damião grita para que espere.
Abraça e agradece imensamente a ajuda, mas o homem é que lhe agradece, pois tinha deixado sua família há um mês e sentia muitas saudades e arrependimento de ter-lhe deixado, pois o mais importante está na união de uma família.
José Damião e sua família acabam ficando a convite no seminário onde ajudavam na lavoura e manutenção daquele grande espaço, em troca ganhavam moradia, estudos e alimento até poderem se arranjar ou quanto quisessem ficar.
José Damião, brasileiro, nordestino e fiel ao seu guardião Padre Cícero.
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